2023

Rota Doze

Caminhar e explorar novas perspectivas de se estar na cidade, talvez seja uma das experiências mais sensíveis e maravilhosas, de se conectar com um mundo repleto de sentidos diversos e que nos oferece infinitas possibilidades de pensar e sentir a arte. O Circuito Oriente se envolve nesses sentidos, criando novas experiências, ao longo de uma rota, que nos leva um envolvimento com o espaço urbano, e ao mesmo tempo o fluir de boas exposições que acontecem a cada evento. Neste mês de junho de 2023 temos a participação de seis espaços; Estudio Dezenove, Casa Amarela, LABPROA, Bibliotheca, Galeria Modernistas, e Portão Vermelho.

O Circuito Oriente a cada momento consolida presenças importantes, como é o caso da artista Anna Bella Geiger, que fará essa próxima edição da Vitrine Efêmera, projeto que completa exatamente 25 anos desde sua primeira edição no Estudio Dezenove. Essa marca nos orgulha, pois sabemos muito bem o quanto é difícil manter um espaço de arte, e este completa bodas de prata nas artes visuais.

O tempo é a marca desse Circuito, é ele que traça aquela linha nada reta, mas sempre em frente, que dialoga com mundo possíveis, que toca no passado em direção ao futuro, tudo com muita paciência. Rainer Maria Rilke em suas “cartas a um jovem poeta” nos diz que o tempo não serve de medida, um ano nada vale, dez anos não são nada, e que ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranquila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha o verão… a paciência é tudo. É assim que vamos cultivando nossa árvore do tempo na arte, pacientes e cuidadosos a cada evento e a cada encontro da arte com público.

2023

estudio dezenove

Uma Geografia improvável

Artistas: Anna Bella Geiger na Vitrine Efêmera

Ao comemorar os 25 anos de existência do projeto Vitrine Efêmera o ESTUDIO DEZENOVE traz a artista Anna Bella Geiger, considerada uma pioneira da arte brasileira. Anna Bella apresentará uma instalação que envolve vídeo e um “macio”, pintura objeto em forma oval cuja origem está em suas vídeo-instalações. Na Vitrine Efêmera tal obra torna-se um dos elementos da vídeo-instalação. Propositalmente ‘inacabado’, deixando o acabamento desta costura à mostra, isto é, na sua verdadeira natureza, cuja conexão se completa junto aos vídeos, que em 2 tubos catódicos projeta ininterruptamente, um histórico de seus vídeos, desde 1974 aos nossos dias.

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Uma Geografia improvável

A origem dos objetos em forma oval, que denomino de macios, desde 1980, tem origem nas minhas vídeo-instalações, onde os elementos integrantes que os compunham eram três: uma mesa; um friso junto à parede, ambos cobertos por tecido de tela (canvas), e estofados no seu interior com espuma de acrilon. O 3º elemento que completava este conceito era um vídeo.

Participei com a vídeo-instalação “O pão nosso de cada dia” da XXXVI Bienal Internacional de Veneza (1980), e da XVI Bienal Internacional de São Paulo (1981) com a vídeo-instalação que denominei de “Mesa, friso e vídeo macios”. O termo macio ‘pegou’, e se chama também softwork. Alguns dos macios foram tomando outros formatos, como por exemplo, em 1985, numa série onde os recortei no formato de um topo de círculo, e os denominei de “Cocar”. Este título não foi apenas por sua semelhança formal com a indumentária indígena brasileira usada pelo cacique, mas também por tê-los pintado intencionalmente à semelhança de um cocar nas cores das penas.

Considero o macio nesta vitrine como um dos elementos de uma vídeo-instalação. Propositalmente ‘inacabado’, deixando o acabamento desta costura à mostra, isto é, na sua verdadeira natureza, cuja conexão se completa junto aos vídeos, que em 2 tubos catódicos projeta ininterruptamente, em loop, um histórico dos meus vídeos, desde 1974 aos nossos dias.

Sobre o macio em si: ao considerá-lo inacabado não significa que irei defini-lo para além deste ponto. Nele estão todos os elementos de um conceito cartográfico: há territórios assinalados, apesar de se dissolverem num claro-escuro tornando-os mapas-manchas, camuflagens. Ali está a silhueta da América do Sul, com fronteiras definidas por linhas costuradas, como a da Linha Imaginária de Tordesilhas. Porém, o que domina é uma composição de caráter abstrato. Liberaram-se as coordenadas geográficas, os territórios são mais forma do que qualquer conteúdo reconhecível. Tudo se torna novamente Terra Incognita.

Por outro lado, esta minha ‘obsessão’ com o contorno isolado da América do Sul também lhe confere a independência da forma plástica. Não mais mapas instrumentais.

Como afirma o crítico José Roca, trata-se de uma geopoética do espaço.

Anna Bella Geiger

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2023.

24 de junho das 18 às 21h

25/6 a 14/5 a 23/7 – vitrine aberta diariamente

Travessa do Oriente 16 A / T. 21 2232 6572
www.estudiodezenove.com / @estudiodezenove

CASA AMARELA

EM CARNE E OSSO

Artistas: Barbara Caspary, Beth Botti, Daniela Sant’Mor, Diego Raposo, Iza Trinas, Katia dos Santos, Luiz Leitão, Osmar Domingos, Romeu Silveira, Viola Pineider.

A mostra apresenta o resultado do trabalho do semestre de 10 artistas. Estudantes na Oficina Espaço Tempo da EAV Parque Lage, lançaram-se na atividade manual de tecer, costurar, construir, articular e modelar, e desenvolveram processos escultóricos surpreendentes, em conexão com a ideia da arte contemporânea de que a matéria da arte pode ser tudo que vive e respira. Afastando-se das telas e do universo da Imagem, que nos avassalaram durante quase 2 anos, resgataram a relação matéria-mão, mergulhando em processos que acontecem no espaço-tempo presente, do corpo, da vida, em que somos humanos e mortais.

BIBLIOTHECA

AMOR E NAUFRÁGIOS (ATO II DA SAGRADA FAMÍLIA DA RUA)

Artistas: Hagamaia

Deixa a Gira Girar! A Bibliotheca traz o segundo ato da trilogia Sagrada Família da Rua. A rica e esnobe Santa Teresa da virada do XIX/XX encontra a marginal e boêmia Lapa em uma história de amor possível na união dos impossíveis. Hagamaia apresenta duas outras de suas personas, Papi Zé e Collette, em Cabaret Bibliothèque, um mergulho nas águas profundas e inseguras do amor e do desejo. Malandros diversos se apresentam neste estudo do masculino, sob o atento olhar do fio da Navalha.

24 de junho das 18 às 22h

Rua do Oriente 414

T. 21 991493371 (Hagamaia) / @bibliotheca.st

Visitas com agendamento pelo DM de @bibliotheca.st de 25/6 a 12/8/2023 (14 – 20h, de quinta a domingo)

Programação estendida:

15/7 das 17 às 19h Drawing & Drinks – sessão de modelo vivo burlesca no Cabaret Bibliothèque: Mergulhos e Poses, Amores e Naufrágios, Marinheiros e Sereias.

12/8 às 17h – Finissage e bate papo sobre a exposição e temáticas afins.

LABPROA

DEPOSITU

Artistas: Anna Frieiro, Ellen Mucci, Esdras Gonçalves, Juliana Gosne, Luiza Serrano, Manoel Oliveira, Risko, Vicente Baltar, Vitória Valente

DEPOSITU é uma exposição coletiva de estudantes da disciplina Escultura 4, do Curso de Artes Visuais -Escultura, da EBA/UFRJ. O Laboratório de Processos Artísticos, LABPROA, coordenado por Beatriz Pimenta, com apoio da FAPERJ, incentiva os seus integrantes a desenvolverem trabalhos que dialoguem com a arquitetura e a história de um apartamento, situado no bairro de Santa Teresa. Os artistas elaboraram projetos especialmente para serem expostos nos espaços por eles escolhidos dentro dessa moradia.

PORTÃO VERMELHO

COLETIVA – 3ª edição

Artistas: Diana Akokán, Eric Collette, Fernando Mendonça, Fiuza, Leonardo Gouvea, Lina Zaldo, Marcelo Valls, Maria Pitu, Pedro Mandarino, Raimundo Rodriguez, Ricardo Pereira, Timbuca e Vinicius Pastor.

O Portão Vermelho participa pela terceira vez do Circuito Oriente, além da reexibição da 10ª edição de Salve São Jorge 23 com uma bandeira coletiva de 85 dos artistas. E conta também com as instalações festivas de Omarcca, Pedro OS e Júlio Ferreira Sekiguchi e as performances de Anna Marcia Mixo e Andreina Tamanini. E ainda as roupas bordadas de 1985 d.D. , os livros e cadernos únicos de Canteiro de Alfaces e os prints do Pano Sticker. Um misto de festa e exposição para comemorar o dia de São João.

24 de junho das 14 às 20h

Almirante Alexandrino 5913

T. 21 97146-8808 (Lina Zaldo) / @portaovermelho5913

GALERIA MODERNISTAS

TERRAS DE PRETO

Artistas: Nelson Crisóstomo

Exposição individual do artista cuja produção ocorre em meios tais como: pintura, arte têxtil e performance.

Em TERRAS DE PRETO, metáfora de um doloroso processo que diz respeito a todos os Continentes, Nelson traz na sua bacia de nascimento todo o prazer e a dor originais, o desamparo do ser que precisa, e é eternamente marcado pelo outro. Sua pesquisa gira em torno de buscas territoriais onde faz uso de fatos históricos a partir de onde seu corpo ocupa, pensando para isso o passado, o presente e o futuro.

Sem saber se é uma memória imaginada ou não, Nelson caminha pelo mundo coletando (e colecionando) materiais dessas rotas que alimentam seu repertório de vida e seu método artístico inspirado em memórias afetivas. Mesmo quando não as encontra, inspira-se no rico patrimônio imaterial que me confere identidade, e que se resguarda nos modos de fazer e viver das famílias afro-descendentes.

24 de junho das 17 às 21h – às 18h performance NÃO!
25/6 a 23/7
Rua Paschoal Carlos Magno 39
T. 21 34865387
Quinta a sábado das 9 às 17h e domingo das 9 às 14h
@modernistasgaleria / modernistasgaleria@gmail.com

Todas as Rotas